Ciência está mais perto do diagnóstico precoce do mal de Alzheimer
Equipe britânica identificou dez proteínas relacionadas ao avanço da doença neurodegenerativa mais comum do mundo. Meta de longo prazo é criar um teste rápido que permita começar mais cedo com o tratamento do Alzheimer.
Pesquisadores britânicos identificaram proteínas sanguíneas possivelmente relacionadas a uma posterior eclosão do mal de Alzheimer. A descoberta pode ser a base para o diagnóstico precoce da doença, abrindo novas perspectivas para a pesquisa de medicamentos.
O sangue humano possuiu mais de 20 mil proteínas, das quais a equipe de cientistas do King's College de Londres, liderada pelo professor Simon Lovestone da Universidade de Oxford, se concentrou em analisar 26, sob a suspeita de estarem relacionadas com o Alzheimer.
O estudo foi publicado nesta terça-feira (08/07), na revista especializada Alzheimer & Dementia. Para ele, a equipe analisou amostras de sangue de 1.148 pessoas, das quais 476 já eram pacientes de Alzheimer e 220 sofriam de deterioração cognitiva leve (DCL). As demais 452 eram idosos sem diagnóstico de demência.
Atualmente Alzheimer é sempre diagnosticado tarde demais
Na primeira fase, os cientistas identificaram 16 proteínas fortemente relacionadas com os males cognitivos ou com o Alzheimer. Em seguida, tentaram verificar quais delas possuíam um papel relevante em processos do organismo que levam à evolução da DCL para o mal de Alzheimer.
Entre os 220 pacientes diagnosticados com deterioração cognitiva, 51 desenvolveram Alzheimer no prazo de um ano, conta à Deutsche Welle Christoper Pearce, presidente da empresa Proteome Sciences, que encomendou o estudo. Observando esses casos, os cientistas puderam limitar sua busca a dez proteínas.
"A maioria das pessoas possui algumas ou até a maioria dessas dez proteínas no sangue, mas para o diagnóstico, o importante é a concentração de cada uma delas", revela Pearce. Entretanto, não só a quantidade absoluta é relevante, pois "as alterações na concentração dessas proteínas são decisivas na deterioração cognitiva leve e no Alzheimer".
Teste e medicamentos
A partir desses números, os pesquisadores do King's College puderam reconhecer se uma evolução grave da doença é provável. "Nós estamos muito confiantes de que a combinação específica em que essas proteínas aparecem no sangue fornece uma boa indicação se a DCL evoluirá para Alzheimer, e isso com uma precisão de 87%", revela o presidente da Proteome Sciences.
O objetivo de longo prazo da pesquisa é desenvolver um teste rápido para diagnóstico precoce, o que exige a análise de um grupo maior de voluntários, entre 5 mil e 10 mil. No entanto, ainda não se trata de curar os pacientes, mas de criar condições para futuras pesquisas mais profundas.
Um grave problema na pesquisa de medicamentos contra Alzheimer tem sido o tratamento sempre começar tarde demais, não sendo possível identificar o eventual sucesso terapêutico de algum princípio ativo. "Antes do diagnóstico do Alzheimer, a doença já está agindo no cérebro há anos. Muitos estudos de medicamentos falham porque no curto período que o doente recebe medicação, os danos cerebrais já estão avançados demais", explica o chefe da equipe de pesquisa, Simon Lovestone.
Para James Pickett, da organização beneficente britânica Alzheimer's Society, a precisão de 90% do princípio do teste desenvolvido ainda é insuficiente, mas ele prometeu à agência de notícias francesa AFP "acompanhar com interesse o avanço desse estudo".
Alzheimer é a doença neurodegenerativa mais comum, afetando 44 milhões de pessoas em todo o mundo. Em consequência do desenvolvimento populacional e do aumento da expectativa de vida, esse número pode chegar a 135 milhões em 2050.
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